segunda-feira, 26 de abril de 2010

Juiz mais famoso da Espanha vira réu, e população vai às ruas em apoio ao magistrado


Baltasar Garzon é um juiz pop. Mandou Pinochet para a prisão, condenou Osama Bin Laden e no ano passado desarticulou a provável versão espanhola da máfia. Tem uma legião de fãs na Espanha, especialmente depois de começar a investigar os culpados pelos crimes da ditadura de Franco.
Em breve, porém, se sentará no banco do réus. E justamente por começar a remexer nos anais do franquismo. Alguns acham que meteu a mão onde não devia, política e juridicamente falando. É o caso de seu colega Luciano Varela, que no início de maio aceitou uma ação de duas associações ultraconservadoras da Espanha, a Manos Limpias e a Falange, alegando que Garzon não tinha competência para tanto. E mais: que, pela lei de anistia espanhola, os crimes da ditadura de Franco, por mais cruéis que tenham sido, estão prescritos.
Desde então, Garzon, que perderá a toga por até 20 anos se for condenado, virou assunto em mesas de bar, editoriais de jornais, salas de aula (inclusive a minha) e tantas outras discussões apaixonadas, tanto a favor quanto contra o juiz.
Neste fim de semana, parte da multidão que o apoia - entre muitos artistas - saiu às ruas em 27 cidades da Espanha. Em Madri, o cineasta Pedro Almodóvar, uma das oposições mais ferrenhas ao franquismo vindas do corpo artístico espanhol, liderou o protesto.
A seguir, matéria da Televisão Espanhola e, em seguida, a que eu fiz para a Radio França Internacional sobre as manifestações:

Miles de personas se manifiestan en apoyo a Garzón




Quase 30 cidades espanholas fizeram manifestações neste sábado em favor do presidente da Audiência Nacional da Espanha, Baltasar Garzón, um dos juízes mais importante da Europa. Famoso por casos em que determinou a prisão do ex-ditador chileno Augusto Pinochet e de Osama Bin Laden, o magistrado acabou se tornando réu no início deste mês. Ele responde por um processo por suposta prevaricação e de ir além de sua competência ao determinar, em 2008, investigação sobre crimes da ditadura de Franco na Espanha.

O processo provocou a revolta de boa parte da população espanhola, que neste sábado, participou de protestos em apoio ao juiz convocados pelo site de relacionamentos Facebook. O principal deles acontece em Madri, onde participam intelectuais e artistas encabeçados pelo cineasta Pedro Almódovar. Também haverá atos em capitais europeias como Bruxelas, Londres e Lisboa e latino-americanas, como Cidade do México e Buenos Aires.

A determinação do Tribunal Supremo da Espanha de tornar Garzón réu no processo detonou debates calorosos na sociedade espanhola. Jornais têm se manifestado abertamente a favor de Garzon, caso do “El País” e até o “New York Times”, e também contra o juiz, como o direitista espanhol “El Mundo”. Uma página do Facebook aberta para apoiar o Garzón já conta com cerca de 190 mil membros. E ontem, o ex-presidente espanhol Felipe González também saiu em defesa de Garzón. Declarou que a sentença contra o juiz é inexplicável e injusta, e disse não achar que houve prevaricação.

A acusação veio por parte de duas associações conservadoras, Falange e Manos Limpias, que entraram com a ação no Supremo Tribunal, uma instância acima da Audiência Nacional, que Garzón preside. O juiz Luciano Varela aceitou o caso.
Se for condenado, Baltasar Garzón pode ser afastado de seu cargo por até 20 anos.

Ontem, porém, o magistrado apresentou um recurso ao Tribunal Supremo que pode representar uma reviravolta no caso. Nele, acusa o colega Luciano Varela de auxiliar as associações direitistas Falange e Manos Limpas na abertura do processo contra Garzón. Pede, por isso, a anulação do processo, mesmo pleito que fazem neste sábado os participantes das manifestações em prol do juiz. O primeiro efeito da medida foi a expulsão do grupo Falange da causa, por supostamente apresentar a acusação formal fora do prazo.

Além de Madri, houve protestos em cidades como Barcelona, Ceuta, Las Palmas de Gran Canárias, Palma de Mallorca, Málaga, Santander, Santiago e Vigo. Também neste sábado, os grupos conservadores que pediram o julgamento de Garzón convocaram outro protesto, perto do ponto de concentração do ato em favor do juiz. Policiais foram convocados para impedir enfrentamentos.

2 comentários:

Anônimo disse...

queria saber o nome do juiz mais famoso !
vc poderia me dar essa informacion ?

Luisa Belchior disse...

Olá,
O nome dele é Baltasar Garzón, está na primeira linha do texto!
abs,
Luisa.