quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Zapatero faz dança das cadeiras com equipe ministerial

Poucos dias após conseguir aprovar o orçamento de 2011, o chefe do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, anunciou nesta quarta-feira uma verdadeira dança das cadeiras na sua equipe ministerial. Seis ministros trocarão de pasta, e quatro deixarão o governo, em um movimento que está sendo interpretado como uma tentativa de Zapatero de reconquistar o apoio popular antes de terminar sua legislatura, no fim de 2011.
Com as mudanças, o novo homem forte de Zapatero será o ministro de Interior, Alfredo Pérez-Rubalcaba, responsável por assuntos como o combate ao grupo terrorista basco ETA. Ele vai acumular a pasta com a vice-presidência, substituindo a María Teresa Fernández de La Veja, que deixa o governo.
Outra substituição importante é a do ministro do Trabalho, Celestino Corbacho, que ficou conhecido como o ministro da crise, por assumir a pasta no momento em que a Espanha registrou recordes de desemprego. Ele já havia anunciado sua saída para concorrer ao governo da Catalunha. Será substituído por Valeriano Gomes, economista com boas relações com os sindicatos e que se declarou contra a reforma trabalhista de Zapatero que gerou protestos e uma greve geral no país depois de aprovada.
Além de Gomes, entra na equipe de Zapatero Leire Pajin, que hoje é secretária do PSOE, partido de Zapatero, e vira ministra de Saúde. Tida como a faceta jovem dos socialistas, ela substituirá a Trinidad Jiménez, que foi candidata derrotada de Zapatero nas primárias para o governo de Madri e passará ao Ministério de Assuntos Exteriores.
É nesta pasta que está uma das baixas mais importantes do governo, a do atual ministro Miguel Angel Moratinos. Moratinos conquistou protagonismo no governo ao assumir as funções da presidência espanhola da União Europeia, no primeiro semestre deste ano, além de liderar todos os temas diplomáticos do país.
Entre os poucos que continuam no mesmo posto, está a ministra de Defesa, Carmen Chacón, apontada como a próxima candidata do PSOE ao governo da Espanha. Para cortar gastos, os ministérios de Habitação e de Igualdade deixarão de existir.
Por causa da crise de popularidade, algumas mudanças já eram esperadas, mas a intensa remodelação anunciada por Zapatero surpreendeu até a oposição.
Em entrevista coletiva, Zapatero disse que se trata de um plano para dar mais impulso e energia na etapa final de seu governo.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

"Dilma ganhou" para imprensa espanhola

"Dilma ganhou".
Esta foi uma das frases mais repetidas hoje pela imprensa espanhola, que vive um caso de amor com o Brasil e, mais especificamente, com Lula e sua candidata, sempre citada com o apodo de "ex-guerrillera".
Daí o destaque dado à "vitória" de Dilma Rousseff, o que na maioria dos casos apareceu na frente da informação sobre o segundo turno.
O "El País", um dos primeiros jornais do mundo a noticiar, no seu site, que a petista venceria mas teria que passar por um segundo turno, deu chamada de capa para matéria sobre "vitória insuficiente da candidata de Lula". Mas destacou que ela chegou mais perto de "fazer história e se converter na primeira mulher em ocupar a presidência do maior país da América Latina". Normal para um jornal cujo diretor anunciou, há alguns dias, que o Brasil é uma das duas prioridades do Grupo Prisa, que controla o "El País", em 2011.
Os canais de notícias, que ontem destacaram análises apontando que a nova classe média brasileira iria definir as eleições, passaram o dia repetindo a frase "Dilma ganhou", acompanhada de imagens da candidata votando e recebendo um beijo de Tarso Genro.
O jornal direitista "El Mundo" veio publicou na capa que "Dilma ganha no Brasil, mas deverá ir ao segundo turno com Serra"
Mas, ao longo do dia, os sites e telejornais começaram a prestar mais atenção no verdadeiro destaque desta eleição, os quase 20% de votos de Marina Silva.
De tarde, o "El País" colocou na capa do seu site uma foto grande de uma gargalhada de Marina, em cima da frase: "Silva, chave no futuro do Brasil".
Nas TVs, Marina, mostrada repetidamente fazendo o V da vitória após votar, foi exibida como "a nova terceira via do Brasil", segundo classificou reportagem do canal CNN+.
Para José Serra, sobrou pouco espaço.