quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A greve da Espanha em fotos

Três meses depois da Copa do Mundo, os espanhóis voltaram a vestir-se de vermelho e a lotar a Plaza de Cibeles, em Madri. Mas, desta vez, para protestar, e não para comemorar. Tratava-se da principal manifestação da greve geral que aconteceu ontem no país.
Embora tenha conseguido paralisar boa parte dos ônibus, fábricas, comércio, coleta de lixo, a greve, que foi o principal assunto no país nas últimas semanas, acabou não colando tanto e mobilizou pouco a população.
Mas serviu para mostrar a ira dos espanhois com os recentes cortes sociais do governo esquerdista de José Luis Rodríguez Zapatero. Abaixo, alguns cliques que fiz da manifestação dessa raiva, em protesto que percorreu a Plaza de Cibeles (onde os espanhóis receberam a seleção ganhadora da Copa) até a Porta do Sol, principal ponto turístico da cidade:











segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Apático, Festival de Cinema de San Sebastián premia filme inglês

206 filmes, orçamento apertado pela crise, poucos aplausos e a presença estrelar de Julia Roberts. Assim foi o 58º Festival de Cinema de San Sebastián, no norte da Espanha, que terminou neste sábado com um certo clima de apatria entre os expectadores.
Contrariando expectativas, “Neds”, do inglês Peter Mullan, levou a Concha de Ouro -- a premiação máxima de San Sebastián. O filme, que aborda a violência sofrida por um estudante escocês na década de 1970, também saiu vencedor na categoria melhor ator, concedida ao protagonista Conor McCarron.
O prêmio de melhor diretor ficou com o chileno Raúl Ruiz, por “Mistérios de Lisboa”, longa de quase quatro horas que foi um dos poucos muito aplaudidos no festival.
Outro que também estava bem cotado, o catalão “Pa Negre”, de Agustín Villaronga, terminou vencedor na categoria melhor atriz, pela atuação da espanhola Nora Navas.
As produções catalães foram uma das marcas desta edição do festival. “Elisa K”, de Jordi Cadena y Judith Colell, ficou com o prêmio espacial do júri, pelo assunto que aborda -- um intenso mergulho psicológico na cabeça da protagonista, uma menina que é estuprada por um amigo do pai e só se lembra do episódio 14 anos depois.
E basco “Aita”, que arrancou pouquíssimos aplausos da plateia, garantiu a Concha de Prata de melhor fotografia.
As produções da América Latina também ganharam destaque no festival, que dedicou uma categoria de filmes só para cineastas da região. O mexicano “Abel”, primeiro longa de ficção do ator e diretor Diego Luna, o filme de abertura do festival, foi escolhido o melhor deles.
Prejudicado pela atual crise econômica espanhola -- houve cortes de patrocinadores e do próprio governo espanhol -- a edição deste ano do Festival de San Sebastián não conquistou os expectadores com os filmes apresentados. Na maioria das sessões oficiais, de filmes que concorriam aos prêmios principais, terminavam com aplausos pouco animadores. No anúncio das obras vencedoras, também houve poucos aplausos. Um dos pontos altos do festival aconteceu no último dia 20, quando a atriz americana Julia Roberts e o ator espanhol Javier Barden foram a San Sebastián lançar o filme “Comer, Rezar, Amar”, , do norte-americano Ryan Murphy, que protagonizam. No mesmo dia, Roberts recebeu o Prêmio Donostia do festival, que é concedido a cada edição para uma personalidade do cinema mundial.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

"Zapatero, dimisión"


Apesar de desagradar a aliados, oposição, sindicatos e até empresários, a reforma trabalhista do governo espanhol conseguiu aprovação definitiva no parlamento nesta quinta-feira. A reação imediata dos trabalhadores foi pedir, em coro, a demissão do chefe de governo José Luiz Rodriguez Zapatero.

Como na França, a reforma trabalhista de Zapatero desatou uma forte crise social na Espanha, culminando com o anúncio de uma greve geral, a primeira desde a reabertura democrática no país, no dia 29 de setembro.

Nesta quinta-feira, cerca de 16 mil trabalhadores que estavam reunidos em um encontro de sindicatos em Madri na mesma hora da votação da reforma, protestaram com fortes e duradouros gritos de “Zapatero, demissão”.

A forte rejeição à reforma está em medidas polêmicas como a flexibilização de contratos de trabalho e das demissões, isso em um contexto de uma Espanha que amarga o pior índice de desemprego da União Europeia, de quase 20% da população economicamente ativa.

Mesmo assim, a proposta conseguiu aprovação no Senado espanhol na manhã desta quinta-feira. Isso foi possível graças aos votos dos integrantes do Partido Socialista Espanhol, de Zapatero, que são maioria, e às abstenções dos membros do Partido Nacionalista Vasco, em troca de propostas suas incluídas na reforma.

Oposições da esquerda e da direita protestaram contra a aprovação. E, durante o ato dos trabalhadores nesta quinta-feira, o presidente do sindicato Comissões Obreiras, Candido Mendes, disse estar confiante de que a greve vai forçar o governo a rever os pontos do polêmico texto.

Com a reforma, as empresas poderão, por exemplo, demitir por justa causa funcionários que faltem a mais de 20% das jornadas de trabalho durante dois meses seguidos. Ou ainda só tornar fixos trabalhadores que estejam no mesmo posto, com contratos temporais, por nada menos que três anos. Ainda não há prazo para a entrada em vigor do texto, mas já é certo o alvoroço social que ela seguira causando na Espanha.

domingo, 5 de setembro de 2010

ETA anuncia cessar-fogo, mas governo não leva fé

ETA anuncia un alto el fuego en un vídeo difundido por la BBC



Depois de 51 anos de existência e de fazer 829 vítimas mortais, o grupo terrorista basco ETA anunciou neste domingo um cessar-fogo através de um vídeo. Apesar do anúncio, inédito na história do grupo, o governo e a oposição da Espanha consideraram a trégua insuficiente para iniciar um diálogo com os terroristas, que exigem a independência do País Basco, região no Norte da Espanha.
Logo após a divulgação o vídeo, feita na manhã deste domingo pela rede inglesa BBC, governo e oposição reagiram à notícia e disseram considerar o cessar-fogo insuficiente para iniciar qualquer tipo de diálogo com o ETA. O governo de José Luis Rodriguez Zapatero exige a desarticulação total dos terroristas e a entrega das armas do grupo.
No vídeo, divulgado na manhã deste domingo, três homens encapuzados aparecem em frente à câmera enquanto a voz de uma mulher anuncia o cessar-fogo. Afirma que o atentado mais recente do grupo, uma série de pequenas bombas que explodiram na ilha de Mallorca, no início de agosto, foi o último ataque terrorista do grupo. Por fim, o texto lido no vídeo diz que o grupo pretende iniciar um processo democrático para as negociações com o governo.
Mas, para analistas políticos espanhóis, que passaram o domingo avaliando o anúncio, o cessar-fogo não se trata de vontade real do grupo de largar a atividade terrorista, e sim uma tentativa desesperada de conseguir representação nas próximas eleições espanholas de outubro. Isso porque, no ano passado, os partidos políticos supostamente vinculados ao ETA, a chamada esquerda abertzale, foram considerados ilegais pela Justiça espanhola.
O ministro de Interior da Espanha, Alfredo Pérez-Rubalcaba, passou o domingo analisando o vídeo a portas fechadas junto com investigadores policiais dedicados exclusivamente a combater o ETA. No início da noite, o Ministério concluiu que o cessar fogo não cumpre as exigências que o governo vinha fazendo nas últimas semanas e, por isso, não haverá chance de legalização dos partidos supostamente veiculados ao ETA, assim como qualquer tipo de diálogo com o grupo.
Um dos argumentos é o de que o grupo não deixou claro quanto tempo durará a trégua ou se ela é permanente. Além disso, não mencionou se vai abandonar as armas, o que era uma exigência do governo para qualquer possibilidade de diálogo com o grupo.
Durante todo o dia, o anúncio do cessar-fogo do ETA foi o principal assunto na imprensa espanhola e até em redes sociais do país. Em comunicado oficial, Zapatero se disse “profundamente cético” com o anúncio.
Mas houve também reações mais conciliatórias. O ministro de Trabalho, Celestino Corbacho, pediu prudência a todos. E a esquerda do País Basco afirmou acreditar que o anúncio é um primeiro passo para uma trégua indefinida e um cenário de paz na região.
Este foi o terceiro anúncio de trégua anunciado pelo ETA ao longo de seus 51 anos de existência, mas o primeiro em que os terroristas falam em democracia e não determinam um período para o cessar-fogo.