quinta-feira, 29 de abril de 2010

Espanha escorrega no ranking da S&P, e desemprego passa dos 20% da população

Depois de Grécia e Portugal, foi a vez da Espanha entrar na mira da S&P (Standard & Poor´s), uma das agências de qualificação de risco que ainda sacode os mercados. Na noite de quarta-feira, minutos antes do fechamento da bolsa de Madri, a agência lançou a bomba: um informe que empurrava a Espanha escada abaixo no seu ranking e previa que a economia do país só deve ser refazer da crise junto com a Olimpíada do Rio (sim, 2016).
A queda espanhola no escalão da S&P não foi muito grande: de AAA para AA, categorias consideradas de alta qualidade. Mas o suficiente para derrubar a bolsa e criar uma nova onda de desconfiança de investidores mundiais ante a Espanha e colocar em dúvida a recuperação da economia. Isso tudo em uma semana em que se divulgou que o desemprego ultrapassou os 20% da população ativa do país, mesmo depois de o presidente Zapatero ter garantido que esse índice não aumentaria mais.
A seguir matéria que eu fiz esta manhã para o boletim da RFI, disponível em áudio aqui.

Depois de Grécia e Portugal, foi a vez da Espanha descer no ranking da agência Standard & Poor´s. O país, que há um ano tinha a qualificação máxima, caiu para a terceira posição no ranking da agência, que apontou ainda um crescimento tímido da economia espanhola até 2016. Com a notícia, anunciada minutos antes do fechamento da bolsa de Madri, o Ibex, índice de referência do mercado espanhol, despencou e fechou em baixa de 2,99%, acumulando um negativo de 7% só nos últimos dois dias.

Ainda na noite de quarta-feira, o governo se apressou em acalmar os mercados, qualificando de exagerada a redução da Standard and Poor´s. A ministra de Economia, Elena Salgado, declarou que sua equipe está cumprindo todos os prazos a que se comprometeu para a redução do déficit público, e que a situação logo se acalmará. Já o secretario de Economia, José Manuel Campa, defendeu a credibilidade das contas públicas e foi aos mercados na manhã desta quinta-feira garantir que não há risco nos investimentos do país.

A imprensa espanhola também interpretou a notícia da Standard & Poor´s como pessimista, mas cobrou do governo medidas mais efetivas para alavancar a economia. Já a oposição, liderada pelo PP (Partido Popular espanhol), culpou a equipe do presidente José Luis Rodriguez Zapatero pela avaliação negativa. Ontem, o líder do PP, José Mariano Rajoy, declarou que o presidente alcançou o limite da degradação da economia espanhola.

Apesar da má notícia da Standard ando Poor´s, a bolsa espanhola amanheceu em alta nesta quinta-feira, animada pelos resultados positivos divulgados por algumas empresas espanholas como a Repsol, que elevou seu benefício em 30% no primeiro trimestre do ano. No mesmo período, o banco Santander também incrementou os ganhos em 5,7% em relação ao ano passado, com um lucro de 2,2 15 milhões.
No entanto, até a manhã desta quinta-feira, o Ibex estava 10.375 pontos, abaixo dos 11.190 necessários para recuperar a alta na semana.

No informe em que anuncia a baixa da qualificação da Espanha da categoria AAA para AA, divulgado na noite de quarta-feira, a agência Standard and Poor´s também avalia que a economia espanhola não crescerá até 2016. O prazo é cinco anos mais tarde da previsão do governo espanhol para a recuperação do país.
A notícia deve reformular os planos do governo. No conselho semanal de ministros, nesta sexta-feira, se espera o anúncio de medidas mais duras, como o corte de funcionários públicos.

A ministra da Economia, Elena Salgado, em coletiva para avaliar o anúncio da S&P

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