terça-feira, 29 de junho de 2010

Metrô de Madri entra em greve e deixa mais de dois milhões sem transporte


O que fazer quando um transporte do qual dependem mais de dois milhões de pessoas pára totalmente?
Essa foi a pergunta que os moradores de Madrid - uma condição quase equivalente a de usuário de metrô - tentaram responder nesta terça-feira, quando o metrô da cidade parou completamente por causa de uma greve geral dos funcionários, ainda sem prazo para terminar.
"Madri sem metrô é como avançar na selva sem facão", cravou o "El País" em seu site. Durante todo o dia - e até depois da vitória da seleção espanhola contra Portugal - o assunto também dominou todos os telejornais, que transmitiam ao vivo entrevistas e mais entrevistas com passageiros indignados com a paralisação.
O fato é que o metrô de Madri não é só um meio de transporte. É quase uma entidade. Quase centenário, tem 294 estações, divididas em 13 linhas que cortam a cidade de cabo a rabo, e que ainda se ligam com as redes dos arredores (como aquela que foi alvo da Al-Qaeda em 2003). Por dia, passam pelos trilhos subterrâneos cerca de 2,2 milhões de pessoas, um terço de toda a população da cidade.
As consequências são as mais previsíveis: ônibus lotados, muito engarrafamento e filas para táxis e muita gente reclamando de chegar atrasado no trabalho (veja mais nesta reportagem da TVE). Viajantes que também contavam com o metrô para chegar ao aeroporto de Barajas - que tem uma estação própria - se queixavam de ter que gastar 40 euros em táxi ou ter perdido o voo.
A paralisação é o protesto de cerca de 4 mil dos 7.500 funcionários do metrô de Madri contra cortes de salários para diminuir o déficit astronômico da cidade, um dos maiores do país. A greve começou na segunda-feira, com a metade dos trens circulando, mas nesta terça-feira parou geral, e vai continuar assim até pelo menos amanhã.

domingo, 20 de junho de 2010

Dilma na Europa


É muito comum o pessoal que vem fazer viagem pela Europa percorrer um monte de países em poucos dias. Com a candidata do PT Dilma Rousseff não foi diferente. Em cinco dias, esteve em quatro países - entre eles a Espanha - onde conversou com três chefes de governo - entre eles o espanhol José Luis Rodriguez Zapatero - e um da Comissão Europeia. No mais, passeou (muito), ganhou presentes (de computador a garrafa de vinho), abraçou e beijou brasileiros em Lisboa e andou em carro de Embaixadas. Mesmo assim, no final, ela classificou a viagem de "extremamente produtiva".
Abaixo, nota que fiz para a Rádio França Internacional e, em seguida, esta para a Folha.





Luisa Belchior, correspondente da RFI em Madri

(01:04)


 

 







Lula não será meu ministro, diz Dilma a jornal espanhol
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LISBOA
RANIER BRAGON
ENVIADO ESPECIAL A LISBOA
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, afirmou em entrevista ao jornal espanhol "El País" deste sábado que não cogita nomear o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro se vencer as eleições. No entanto, Dilma, que se apresentou ainda como ministra da Casa Civil, fez questão de atrelar seu nome ao de Lula. Disse que tem sido "o braço esquerdo e direito" do presidente e que "o sucesso de Lula é o meu".
"Sou a ministra da Casa Civil. Sou quem coordena os ministros e os principais projetos de governo. Trabalhei intimamente com Lula nos últimos cinco anos e meio. Ele não será ministro se eu chegar ao governo, mas sempre estarei aberta a suas propostas", declarou a petista na entrevista, que o "El País" destacou na primeira página de sua edição deste sábado.
No mês passado, o jornal espanhol já havia dedicado uma página a um perfil da candidata, um pouco antes de publicar uma larga entrevista com o presidente Lula.
Na entrevista deste sábado, de uma página e meia, Dilma ressaltou a sua condição de possível primeira presidente mulher do Brasil, o que é um dos motes de sua campanha eleitoral. Ela disse que seguirá a política de Lula mas com "alma e coração de mulher".
Citada pela reportagem como "a protegida de Lula" e "ex-guerrilheira que sofreu tortura", ela Dilma falou ainda de política exterior, projetos para o meio ambiente e disse se diferenciar de seu principal adversário, o tucano José Serra, por ter um projeto de "crescimento sustentável" para o Brasil.
A candidata petista passou a sexta-feira em Madri, onde se encontrou com o primeiro-ministro espanhol José Luis Rodriguez Zapatero. Neste sábado, está em Lisboa, onde se encontrará com o premiê português José Sócrates.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Espanha pára hoje contra redução de salários


A Espanha enfrenta hoje a primeira grande paralisação do funcionalismo público desde a reabertura democrática. Cerca de 2,5 milhões de funcionários em todas as regiões do país foram convocados para uma greve geral de 24 horas nesta terça-feira. Se trata de um protesto contra cortes salariais de até 5% anunciados pelo governo em maio, dentro de um plano de ajuste para encaixar a Espanha nos "moldes econômicos" da União Europeia.
Na manhã desta terçaa-feira, 75% dos convocados já aderiram à paralisação, segundo a União Geral dos Trabalhadores e Comissões Obreiras, os dois principais sindicatos do país e tradicionais aliados do chefe de governo espanhol, José Luis Rodriguez Zapatero. Na capital Madri, são cerca de 60% dos funcionários parados e, na comunidade de Ceuta, a adesão foi de 100%, segundo a União Geral dos Trabalhadores. Já a secretaria de Estado da Função Pública, Consuelo Rumi, disse na manhã desta terça-feira que a adesão é de apenas 15%.
Entre os setores que participam da paralisação, estão os sistemas de saúde, educação e penitenciário, a administração pública nacional e local, portos e autoridades aeroportuárias, portuárias e marítimas e o banco central espanhol.
Do sistema de transporte público, apenas os trens da região da Catalunha e os ônibus da Cantabria aderiram à greve. O resto funciona normalmente nesta terça-feira, assim como ambulatórios, serviços de urgência, escolas, Registro Civil, alguns juizados e sessões no Congresso dos Deputados e no Senado.
Os cortes de salários previstos no plano de ajuste afetarão cerca de 2,8 milhões de funcionários públicos da Espanha, que podem perder até 220 euros por mês. Segundo o governo, as reduções começam em julho e serão feitas progressivamente por um ano. Os sindicatos consideram o plano “um duro golpe” do governo na política social, que era uma das principais bandeiras de Zapatero. A paralisação desta terça-feira marca, segundo analistas políticos do país, o fim de uma paz social que a Espanha conseguia manter apesar da crise.
A redução é a principal medida de um plano de ajuste da Espanha para reduzir seu déficit público 11,2%, quase quatro vezes maior que o limite estabelecido pela União Europeia.