terça-feira, 17 de agosto de 2010

Depois de um mês, ex-presos cubanos seguem em albergue


Mais três ex-presos cubanos chegaram nesta terça-feira a Madri, somando-se aos 20 que já estão aqui. A maioria segue hospedada em albergues e "centros de acolhida" com suas famílias e sem emprego, um forte indício da falta de preparo do governo espanhol para lidar com a acolhida de dissidentes políticos. A avaliação por aqui é que, ao mediar o acordo entre o governo cubano e a igreja católica para libertar presos políticos, a Espanha só estava de olho em retomar seu protagonismo europeu na América Latina.
Abaixo, segue matéria que fiz para a Rádio França Internacional, que pode ser escutada aqui:






Luisa Belchior, correspondente na Espanha.

(01:51)




 




 








Exilados cubanos chegam a Madri, em meio a críticas
Luisa Belchior, correspondente da RFI em Madri

Pouco mais de um mês após a chegada em Madri do primeiro grupo de dissidentes cubanos libertados pelo governo de Raúl Castro, mais três aterrissaram nesta terça-feira na capital espanhola. Os que já estão no país se queixam das más condições oferecidas pelo governo da Espanha.

Os dissidentes Efrán Fernandez, Regis Iglesias e Marcelo Cano chegaram nesta terça-feira a Madri, em companhia de 17 familiares no total. Com eles, já são 23 os ex-presos cubanos acolhidos pelo governo espanhol, a partir de um acordo fechado em junho entre a Igreja Católica e o governo de Raúl Castro. Pelo combinado, Cuba se compromete a libertar até o fim de setembro um total de 52 presos políticos, enquanto a Espanha garante recebê-los e sustentá-los durante os primeiros meses.

Na chegada no aeroporto, os cubanos acenaram e fizeram o "v da vitória" para as câmeras. Em seguida, foram levados para um hotel em Móstoles, na periferia da cidade, onde ficarão até que o governo espanhol consiga moradia para eles.

Começo difícil

Do primeiro grupo de dissidentes enviados a Madri, há mais de um mês, a maioria está até hoje à espera de casa e emprego fixo. Apenas cinco deles permanecem na capital espanhola, no mesmo albergue em que foram alojados quando chegaram. O resto foi enviado a outras cidades como Málaga, Valencia, Alicante, Gijón e Logroño.

O dissidente Omar Ruiz, que foi enviado à Málaga, contou hoje à reportagem da RFI que está alojado em um centro da Cruz Vermelha com a mulher e o filho de 12 anos. Disse que ainda não tem emprego e recebe do governo espanhol uma ajuda de custo de 103 euros mensais, cerca de 232 reais.

Apesar das dificuldades, ele afirmou que pretende permanecer na Espanha, ao contrário de outros de seus conterrâneos, que querem voltar à Cuba ou emigrar para os Estados Unidos, onde têm parentes.

O Ministério de Assuntos Exteriores da Espanha, responsável pela inserção dos cubanos na sociedade do país, afirmou que está buscando opções de moradia e trabalho para os dissidentes de acordo com o orçamento e a viabilidade de cada cidade.

Na próxima sexta-feira, outros três dissidentes serão enviados a Madri, somando assim a metade dos 52 presos políticos que o governo Raúl Castro se comprometeu a libertar.

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