quarta-feira, 19 de maio de 2010

Kirchner, Irã e Lula dominam cúpula UE-AL em Madri


Nesta semana os presidentes latinos e da União Europeia vieram a Madri para participar da Cúpula UE-AL. Lula, Sarkozy, Ivo González, Angela Merkel, Alvaro Uribe e muitos mais estiveram na cidade para um encontro, como sempre, com muito blablablá e umas poucas medidas.
Para além do debate político e econômico, o grande destaque da cúpula foi a presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Desta vez, ela conseguiu roubar as (muitas) atenções do Lula, mesmo que o presidente tenha ganhado um prêmio no encerramento do encontro.
De terninho rosa, colar de pérolas e muito botox, Kirchner falou duro contra o protecionismo europeu e a "falência" da ONU. Como estava também na condição de presidente da cúpula, apareceu mais que ninguém. Qualquer coletiva de imprensa e lá estava ela, falando "em nome de toda a América Latina", lembrando o seu passado como advogada e da sua amizade com Lula. Olhou para a placa de homenagem ao brasileiro e disse: "só consigo pensar onde a Marina vai pendurar este quadro tão lindo".
No mais, o que ficou da cúpula foi o anúncio de reabertura das negociações para um mercado de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. Ou seja, portas abertas da Europa para os nossos produtos. Claro que há muitos europeus contrários - França, Alemanha e mais oito já assinaram carta em oposição ao livre comércio -, mas o discurso oficial foi de que "a União Europeia quer o livre comércio com o Mercosul, se sair será o nosso mais importante acordo", nas palavras do presidente espanhol José Luis Rodriguez Zapatero, que disse que em julho começa a rodada de negociações.
O Lula, para variar, foi outro destaque. Mesmo sem fazer esforço - não participou de nenhuma coletiva e faltou ao jantar oferecido pela família real espanhola aos presidentes - o brasileiro apareceu por causa da sua visita ao Irã e, no final, pelo prêmio que recebeu de uma organização empresarial espanhola, das mãos da vice-presidente da Espanha. Lá, admitiu que está com o ego inflado, o que não impediu dos discursantes o inflarem ainda mais.
A seguir, uma das notas que fiz para a Rádio França Internacional:
www.portugues.rfi.fr

Luisa Belchior, correspondente da RFI em Madri.

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