quarta-feira, 12 de maio de 2010

Plano da anti-deficit espanhol: mais aos mercados e menos ao social

Todos os funcionários públicos da Espanha vão ficar sem 5% do salário a partir de julho. Já os pensionistas terão o benefício congelado. Aposentados? Muitos cortes à vista, assim como os 2.500 que ganhavam todos os espanhóis para ter um bebê.
Estas são algumas das nove medidas anunciadas nesta manhã pelo presidente José Luis Rodrigues Zapatero, que já enfrenta uma enxurrada de manifestações, que começaram pelos deputados na sessão de hoje mas deve se alastrar por vários setores da população ao longo da semana.
O principal anúncio foi a redução de 5% no salário dos funcionários públicos a partir de julho e o seu congelamento um ano depois. Polêmica? Não menos que uma série de cortes nas aposentadorias da população espanhola, cada vez mais envelhecida e, portanto, dependente do benefício. Mas o plano de aumentar a população jovem também parece ter ido por água abaixo: os 2.500 euros que cada espanhol ganhava pelo simples fato de ter filho vão pro espaço a partir do ano que vem.
A faca também passou pelas pensões e pelos programas de cooperação internacional do governo espanhol, até hoje um dos mais elogiados no mundo.
Tudo isso para cumprir com um acordo que os países da União Europeia fizeram este fim de semana em Bruxelas. A meta? Reduzir o déficit público, que, na Espanha, é um dos maiores do bloco.
Com as medidas anunciadas hoje, o governo disse que vai economizar 15 bilhões de euros nos próximos dois anos e, com isso, reduzir em cinco pontos percentuais o déficit até o fim do ano. A meta se enquadra nas exigências da EU – e dos mercados, cada vez mais desconfiado da economia espanhola – mas resta saber o que uma população acostumada ao Estado de Bem-Estar Social vai achar dos sucessivos cortes de benefícios.

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