quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Cara a tapa

Não importa o apoio que tenha da população, dos políticos e até dos Reis. Sempre que o Congresso espanhol solicita, lá está o presidente da Espanha para prestar contas - e ouvir, pelo tempo que for, todos os (muitos) reclames da oposição e partidos nanicos.
E lá foi José Luis Rodríguez Zapatero esta semana para dar a cara a tapa no Congresso pela primeira vez no ano.
A meta era tentar costurar um pacto entre governo e oposição para aprovar medidas anti-crise - já bastante atrasadas, considerando que a Espanha, ao contrário do Brasil, foi um dos primeiros países a entrar na crise e, segundo previsões, será um dos últimos a deixá-la.
Mas o calor das discussões típico do comportamento explosivo espanhol levou qualquer tentativa de pacto pro buraco e acabou com pedido de renúncia do presidente. Como de costume, a oposição, liderada pelo PP (Partido Popular) e personificada por Mariano Rajoy, o arquirrival de Zapatero, rejeitou a proposta apresentada por Zapatero.
Em linhas gerais, o presidente espanhol sugeriu quatro medidas: fomentar a criação de empregos, reduzir gastos públicos, mudar o padrão de crescimento (baseado em setores voláteis como a construção) e fazer uma reforma financeira.
A resposta de Rajoy: que os deputados do PSOE (Partido Socialista Espanhol), a legenda de Zapatero, pedissem a renúncia de seu presidente que, segundo ele, não sabe como rebocar a Espanha do naufrágio econômico. Pacto? Só se Zapatero concordasse em adotar integralmente o plano anti-crise desenhado pelos populares, baseado numa reforma fiscal e laboral e na diminuição em 25% de gastos com alto cargos.
Claro que nenhum dos lados cedeu, e o que era para ser uma reunião de acordo terminou com o Congresso, assim como a Espanha em geral, ainda mais divididos sobre seu presidente. Ainda que ele dê a cara a tapa.

3 comentários:

marcelo alves disse...

Pelo menos ele dá a cara a tapa. Aqui, todos se escondem e sequer concederam entrevistas minimamente sérias como direito a réplica.

Luisa Belchior disse...

Pois é Marcelo, esta é a ideia, de mostrar essa contradição. Afinal, você imagina o Lula sentadinho no Congresso por 3 horas ouvindo a oposição (?) caladinho?
bjs.

marcelo alves disse...

Nem se dissessem para ele que a cachaça é de graça
beijo